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Cronicas-->Contrabaixo -- 02/04/2000 - 19:10 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Acreditem, ontem eu vi um contrabaixo. Fiquei a menos de dois metros dele. Dos verdadeiros, aqueles com dois metros de altura, algumas cordas grossas e charme, muito charme. Ele foi entrando tão discretamente quanto um contrabaixo pode entrar. Um "boa noite" aqui, um "com licença" ali, e foi passando. Elegante é claro. Cruzou o ambiente, e posicionou-se junto aos demais instrumentos. Ficou ali quieto, mas não por muito tempo. No caminho, passou por mim e só não nos cumprimentamos porque ambos são inibidos. Mais eu. Ele está acostumado ao grande público embora se retraia em ambientes mais contidos. Isto até dominar o ambiente, mais por sua graça do que por seu tamanho. Trouxe consigo um rapaz, simpático, cuidadoso que estava sempre por perto, para o que o contrabaixo precisasse.

O contrabaixo elétrico tem muitos méritos, é mesmo indispensável em uma banda, mas não tem o charme do original. O verdadeiro fica em pé, domina o ambiente, impõem-se naturalmente.

Depois chegou uma flauta, muito elegante. Como o contrabaixo, trouxe alguém, uma moça que cuidava dela com desvelo. Estes instrumentos são muito vaidosos. Querem atenção, não abrem mão de alguém que lhes desperte as qualidades. Exigentes, não aceitam qualquer um. Só os talentosos. Quando alguém sem talento se aproxima, eles reclamam, estragam a festa.

Curioso este casamento de um contrabaixo com uma flauta. À primeira vista parece não dar certo, depois fica evidente que dá, e muito. Ela, esguia, melodiosa, brilhante. Ele, robusto, dá o ritmo. A flauta, naturalmente, toca Zequinha de Abreu, Pichinguinha, entre outros. Nem poderia ser diferente. Já o contrabaixo, acompanha. Bem, isto eu imaginava. Ignorante, eu pensava que seu destino, sua missão, era o de acompanhar os demais instrumentos, ficar lá no fundo, dar sustentação ao conjunto. Mera e imperdoável ignorància. Na realidade, o contrabaixo pode brilhar sozinho e, invertendo o previsto, fazer-se acompanhar pelos instrumentos mais acostumados ao solo. Nem poderia ser diferente. Vaidade e disciplina devem ser equilibradas.

Que o casamento deu certo não há dúvida. Dizem inclusive que os acompanhantes, de tanto pajeá-los, acabaram casando também.

É o caso da dupla que virou quarteto.



Escrito em 12.03.2000
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